Febre em crianças: o que mudou nas novas orientações da SBP

A febre é um dos sintomas mais comuns que levam pais e cuidadores a buscar atendimento pediátrico. Mas há muita informação desencontrada — e mesmo medo (“febrefobia”) — circulando. Para atualizar e padronizar condutas, a SBP publicou um documento recente com recomendações novas para abordagem da febre aguda. SBP+2SBP+2

Aqui está o que você precisa saber — e o que orientar aos pais — sobre febre em crianças, segundo a SBP.


🔍 O que é febre — e o que mudou

  • A febre não é uma doença, e sim um sinal de que o corpo está reagindo a uma agressão (infecção, inflamação, etc.). SBP+2SBP+2

  • Nova definição pela SBP: temperatura axilar ≥ 37,5 °C já é considerada febre. Drauzio Varella+2SBP+2

  • A aferição da temperatura axilar com termômetro digital é a mais indicada na prática domiciliar, por ser confiável e pouco invasiva. SBP+1

  • Temperaturas maiores ou medidas em locais diferentes (oral, retal, timpânica) têm faixas de normalidade distintas, mas para uso comum na infância a medida axilar é padrão de referência. SBP+1


⚠️ Nem toda febre exige medicamento

Um dos principais pontos das novas diretrizes é que o tratamento da febre deve levar mais em conta o desconforto da criança do que o valor numérico da temperaturaSBP+2Drauzio Varella+2

Você pode orientar os pais assim:

  • Se a criança está bem, ativa, hidratada, com apetite razoável e sem dor intensa — mesmo com 38,5 °C — não há necessidade urgente de antitérmico.

  • Se houver desconforto evidente (irritabilidade, choro intenso, sono comprometido, recusa alimentar, dor), aí sim é justificável usar antitérmicos.

  • O objetivo é melhorar o bem-estar, não “zerar” a febre.


💊 Quais antitérmicos usar — e o que evitar

De acordo com a SBP:

  • Antitérmicos recomendados no Brasil: paracetamol, ibuprofeno e dipirona (nas doses apropriadas). SBP+2Drauzio Varella+2

  • Aspirina (ácido acetilsalicílico) não é indicada para crianças, devido ao risco da síndrome de Reye. SBP+2SBP+2

  • Não se recomenda alternar ou associar antitérmicos (ex: paracetamol + ibuprofeno alternados): isso pode causar confusão para os pais e risco de overdoses, sem benefício comprovado. SBP+2Drauzio Varella+2

  • Respeite os intervalos mínimos entre doses (ex: 6–8 horas, conforme medicamento) e calcule as doses por kg de peso.


🚿 Métodos físicos: uso limitado

A SBP é clara: métodos físicos (banhos frios, compressas geladas etc.) não devem ser usados de rotina para baixar a febre, salvo em situações de hipertermia grave (temperatura central ≥ 40 °C com risco de lesão) ou para auxiliar quando a criança está muito quente. SBP+2SBP+2

Isso porque muitas dessas medidas trazem desconforto (tremores, frio) e têm eficácia limitada em reduzir o ponto de termorregulação.


👶 Quando se preocupar — sinais de alerta

Embora febre seja comum e majoritariamente leve, há situações que exigem avaliação médica imediata:

  • Bebês < 3 meses com temperatura ≥ 38 °C (ou < 35,5 °C). SBP+1

  • Febre persistente com queda do estado geral: criança apática, muito irritada, recusa alimentar, vômitos persistentes, dificuldade para respirar, convulsão, rigidez de nuca, petéquias, sinais neurológicos, etc. SBP+2SBP+2

  • Se, mesmo após medidas e antitérmicos, o desconforto mantiver-se ou a febre persistir por muitos dias — avaliação médica para buscar causa subjacente.